Edição 186 – Maio 2016
Queda de Jucá: interesse em barrar a Lava Jato
"O primeiro a ser comido
vai ser o Aécio”
Nas conversas ocorridas em março e divulgadas apenas no dia 23
de maio, o ministro do Planejamento, o senador licenciado Romero Jucá
(PMDB-RR), um dos principais articuladores do impeachment de Dilma Rousseff
(PT), cita o ministro Serra e os senadores Aécio Neves, Aloysio Nunes e Tasso
Jereissati, todos do PSDB. "O primeiro a ser comido vai ser o Aécio",
disse Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro, em referência à Operação
Lava Jato.
Jucá afirma ainda que Aécio não ganharia eleições: "O Aécio não tem condição, a gente sabe
disso, porra. Quem que não sabe? Quem não conhece o esquema do Aécio? Eu, que
participei de campanha do PSDB..." Os diálogos de uma hora e 15 minutos
sugerem um pacto, inclusive com "o Supremo, com tudo", para barrar a
Lava Jato.
Além das possíveis investidas numa espécie de força-tarefa para
barrar a Operação Lava Jato, as conversas entre o ex-ministro do Planejamento,
Romero Jucá (PMDB), e Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro, e ex-senador
pelo PSDB, fala nos possíveis danos a políticos. Eles foram grampeados e, na
conversa, “entregam” que a verdadeira razão para tirar Dilma Rousseff (PT) era
impedir que a Operação Lava Jato continue e chegue até eles. Entre eles, o presidente do Senado, Renan
Calheiros, e o presidente do PSDB, Aécio Neves. "Todo mundo na bandeja
para ser comido", diz Jucá. Num país mais sério, Juca (PMDB) já estaria
preso e a Presidenta devolvida ao cargo, já que as gravações são de antes do
dia da votação do chamado impeachment (Golpe de Estado) na Câmara. A divulgação
foi feita pela Folha de São Paulo no dia 23 de maio, que até hoje ainda não
explicou porque não divulgou antes da votação na Câmara a conversa gravada, que
certamente mudaria o rumo das coisas.
“O Aécio não tem condição, a gente sabe
disso, porra.”
Na conversa com Romero Jucá (PMDB), Machado se mostra
preocupado com a união entre Sérgio Moro e Rodrigo Janot, que, segundo ele,
"querem pegar todo mundo". Jucá responde, então: "Acabar com a
classe política para ressurgir, construir uma nova casta, pura".
Sérgio Machado fala que o primeiro a "cair" será o
senador tucano. "O Aécio não tem condição, a gente sabe disso, porra. Quem
que não sabe? Quem não conhece o esquema do Aécio? Eu, que participei de
campanha do PSDB. O que que a gente fez junto, Romero, naquela eleição, para
eleger os deputados, para ele [Aécio] ser presidente da Câmara?". O
senador tucano Aécio Neves (PSDB) presidiu a Câmara dos Deputados entre 2001 e
2002, ainda no governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB).
Renan 'não entendeu'
O ex-ministro do Planejamento de Temer ainda fala sobre como a
"a solução Michel" enfrentou dificuldades com o presidente do Senado,
Renan Calheiros (PMDB-AL). "Só Renan que está contra essa porra. 'Porque
não gosta do Michel, porque o Michel é Eduardo Cunha'. Gente, esquece o Eduardo
Cunha. O Eduardo Cunha está morto, porra", afirma Jucá.
"O Renan reage à solução do Michel. Porra, o Michel, é uma
solução que a gente pode, antes de resolver, negociar como é que vai ser.
'Michel, vem cá, é isso e isso, isso, vai ser assim, as reformas são
essas", disse Jucá ao ex-presidente da Transpetro e ex-PSDB.
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