Edição 186 – Maio 2016
Em áudio, Sarney reclama da "ditadura da Justiça"
Em trechos de gravações com o ex-presidente da Transpetro
Sérgio Machado, o ex-presidente da República José Sarney se queixa das decisões
tomadas pelo juiz Sérgio Moro em investigações contra corrupção - que chamou de
“ditadura da Justiça” - e comenta sobre o afastamento de Dilma Rousseff, que,
segundo Sarney, vai resistir “até a última bala” no processo de impeachment. Os
trechos foram divulgados no dia 26 de maio. As conversas foram gravadas em
março, antes do Golpe na Câmara. Machado fez acordo de delação premiada e se
tornou colaborador da Justiça.
Na conversa gravada, Sarney e Machado criticam os ministros do
Supremo Tribunal Federal (STF), a mídia e a comunidade jurídica por não se
manifestarem contra as ações de Sérgio Moro, que é responsável por autorizar as
ações da Operação Lava Jato.
Na gravação, Machado diz: “Como é que o Toffoli e o Gilmar
fazem uma p*** dessa? Se os dois tivessem votado contra não dava. Nomeou uns
ministros de m*** com aquele modelo". "Não teve um jurista que se
manifestasse. (...) A ditatura da toga tá f***", acrescentou o
ex-presidente da Transpetro.
Eduardo Cunha e eleições
Na conversa, Sarney afirma que quem deveria assumir a
presidência é Eduardo Cunha, antes da realização de eleições. No caso de um
novo pleito presidencial, ambos avaliam que o senador Aécio Neves (PSDB-MG) não
sairia “de jeito nenhum” vitorioso. Dois meses antes de Dilma ser afastada pelo
Senado, quando a conversa foi gravada, Machado e Sarney dizem que a presidenta
deve “sair de qualquer jeito”, e especulam que o vice-presidente Michel Temer,
hoje presidente interino, deve cair em seguida.
No áudio, Machado pergunta a Sarney se Michel Temer não
assumisse a presidência do país quem seria o nome. Machado responde que será
"O Aécio pensa que vai ser ele, não vai ser não". Sobre a
possibilidade de Aécio Neves assumir, Sarney diz "que não vai ser ele, de
jeito nenhum".
Então, Machado questiona quem assumiria a presidência. Sarney
diz que será Eduardo Cunha. Machado reforça: "Ele não vai abrir mão de
assumir, não". "No Supremo não tem. Não tem ninguém que tenha
competência pra tirá-lo. Só se cassarem o mandato dele. Fora daí, não tem. Como
é que o Supremo vai tirar o presidente da Casa?", acrescenta Sarney.
Dilma Rousseff
Na conversa gravada, tanto Machado quanto Sarney reclamam da
insistência de Dilma em permanecer no cargo. Segundo o ex-presidente, ela irá
resistir “até a última bala”.
As conversas: Renan Calheiros
A divulgação de trechos inéditos de conversas gravadas por
Machado com o presidente do Senado, Renan Calheiros, e o ex-presidente José
Sarney indicam a preocupação com os desdobramentos da Lava Jato por parte dos
políticos, que estariam articulando para restringir as consequências da
operação.
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