Edição 186 – Maio 2016
Servidores se mobilizam e exigem 11,36%
Brumadinho é a 42ª cidade mais rica entre os
853 municípios de Minas Gerais. Tem uma das maiores rendas per capta do Estado, em torno de 1500 reais mensais. Entre os anos
de 2000 a 2010, passou de 80º município de maior renda per capta para o 7ª lugar, avançando nada menos do que 73 posições.
O Município apresentou uma das maiores taxas de crescimento anual entre os 10
primeiros colocados no ranking
mineiro, que define as maiores rendas per
capta. Apresentou uma taxa de crescimento anual de sua renda per capta, ao final do décimo ano, de
85%, maior do que a taxa de crescimento de BH e menor apenas do que a mais
cresceu em MG, Nova Lima. Os dados demonstram que o problema em Brumadinho não
é exatamente falta de dinheiro.
Apesar da posição confortável do Município, os
servidores públicos municipais, em campanha salarial, estão encontrando
dificuldades em negociar com a prefeitura.
Assembleia dos Trabalhadores em Educação; presença do Ver. e pré-candidato a prefeito pelo PT, Reinaldo Fernandes |
Reajustes
Os trabalhadores em Educação e demais
servidores de Brumadinho cobram reajustes de 11,36% em seus salários. Como os
salários são baixos precisam, no mínimo, de ter essa correção para não perderem
seu já baixo poder aquisitivo, para não ficarem mais pobres. No entanto, a
Prefeitura continua insistindo no reajuste de zero por cento.
Prêmios
Os servidores cobravam também da administração
que ela pagasse a Gratificação por assiduidade, de 30%, relativa a 2015 (art.
130 da Lei 1777/2010, Plano de Cargos, Carreiras e Salários). Os servidores da
educação cobravam a regularização do pagamento do Prêmio de 10% por
assiduidade, pagando o prêmio de 2015, que ainda não foi pago, e o do primeiro
trimestre de 2016, que também não foi pago, respeitando, assim o art. 131 da
lei 1777.
Outra reivindicação dos servidores é que a
administração fizesse a conversão em espécie das Férias Prêmio e o pagamento da
Progressão Vertical.
Iniciada em janeiro, as negociações não tinham avançado em nada
até que a categoria fez algumas da paralisações do trabalho. O Governo
Municipal mudou de posicionamento e acenou para discutir efetivamente e
apresentar contrapropostas às justas reivindicações dos servidores.
A prefeitura comprometeu-se a pagar a Gratificação por
assiduidade, de 30%, relativa a 2015, em duas parcelas, no final de maio e no
final de junho; quanto às Férias Prêmio, em julho a administração retornará a
conversão em espécie, por ordem de solicitação dos servidores. Os pedidos que
já estão protocolados serão atendidos primeiro.
Sobre a Progressão Vertical, a Prefeitura se comprometeu a
regularizá-la em setembro, quando será pago retroativo ao mês do protocolo.
Eventualmente será parcelado.
A Administração comprometeu-se ainda a apresentar proposta de
regularização do Prêmio de 10% por assiduidade para a Educação para pagamento
de 2016. O retroativo (2015) será negociado nas próximas reuniões.
“Os avanços demonstraram o que todo mundo
já sabe ou deveria saber: só a luta, só a mobilização faz os governos mudarem
de ideia. Não há conquista sem luta”, disse o Vereador Reinaldo Fernandes, que
tem acompanhado e participado das manifestações dos servidores. “Numa cidade em
que os trabalhadores têm mobilização muito baixa, ver aquelas professoras e
professores na rua, dialogando com a população, depois ali em frente à
Prefeitura, não só fazendo a paralisação no dia mas também manifestando sua
indignação, exigindo seus direitos básicos, é uma alegria, uma coisa muito
bonita”, completou o Vereador. “Está de parabéns a categoria, merece nossos
aplausos”, finalizou.
Cartão Alimentação
tem reajuste de 9,54% e vai a R$425,00
Uma das conquistas foi o reajuste do
cartão-alimentação. A prefeitura reajustou o Cartão Alimentação em 9,54%. Agora
o valor mensal é de R$425,00, correspondente a um valor diário de R$14,16.
Secretários também receberão o valor, apesar de ser ilegal, nos termos da
Constituição Brasileira (vereadores, que também são agentes políticos, como os
secretários municipais, não recebem).
Apoios de Vereadores
Pelo menos quatro vereadores têm participado
mais de perto da mobilização dos servidores. A
partir da iniciativa proposta pelo vereador Reinaldo Fernandes (PT), cinco
vereadores prepararam um documento e entregaram ao governo do Prefeito Brandão
(agora, do PSB). No documento, Reinaldo Fernandes, Renata Marilian (PPS) e
Alessandra de Oliveira (PPS) – membros da Comissão de Educação e Saúde da
Câmara Municipal -, Hideraldo Santana (PSC) e Lucas Machado (Rede) defenderam a necessidade de reajuste salarial e apresentaram à
administração uma série de sugestões para reduzir gastos.
Na reunião do Plenário do dia 5 de maio, o vereador Reinaldo Fernandes, depois e usar a Tribuna para falar
sobre o documento, convidou os demais vereadores para o assinarem também e todos
concordaram, o que reforçou o pedido da Câmara Municipal. No dia 12 de maio, os
vereadores se reuniriam com a Secretária de Administração para entregarem as
reivindicações.
Servidores pedem a vereadores para não votarem
projetos de leis do Executivo
As
professoras foram pedir ajuda os vereadores. A grande maioria dos projetos de
leis votados pelos vereadores é de autoria do Chefe do Poder Executivo, o
prefeito, que sempre necessita de aprovação dos vereadores para executar uma
série de ações. Recentemente, os vereadores aprovaram dois Projetos que
permitiram ao Executivo gastar quase R$ 10.000.000,00 (dez milhões de reais),
que ele não poderiam ser gastos se os PL’s não fossem aprovados, Mais um
projeto de quase R$ 2 milhões encontra no Legislativo esperando a aprovação dos
vereadores. Sabendo disso, as professoras pediram aos vereadores para fazerem
obstrução na Câmara e não votarem nenhum Projeto de Lei proposto pelo
Executivo, até que o Prefeito mude de ideia e apresente uma proposta de
reajuste aos salários.
“O que
os servidores estão pedindo é apenas o reajuste do salário, o que é garantido
por lei”, disse o vereador Reinaldo Fernandes, colocando-se ao lado dos
trabalhadores e deu seu total apoio à proposta das servidoras. “O Prefeito
precisa ter mais compromisso com os servidores, valorizá-los, tratá-los com o
respeito que eles merecem. Estou do lado dos servidores porque essa é a coisa
certa a ser feita”, disse o petista.
Outros
três vereadores já concordaram com a proposta e se comprometeram com a
obstrução proposta pelos servidores e pelo Sindicato dos Professores.
Nenhum comentário:
Postar um comentário