Edição 197 – Abril 2017
Material escolar
é entregue com muito atraso
Capa de cadernos patrocina a manutenção do machismo
A promessa de campanha era entregar o
material escolar “na primeira semana de aula”. A promessa foi feita acompanhada
da crítica de que o governo anterior demorava demais para fazer a entrega do
material escolar. Mas a promessa, mais uma vez, ficou só na promessa mesmo.
Apenas no dia 30 de março, 9 (nove) semanas
depois do início das aulas, a equipe da Secretaria de Educação iniciou a
entrega dos materiais escolares na Rede de Ensino do município. Como informou a
própria Secretaria de Educação, comandada pela irmã do prefeito (outra promessa
de campanha descumprida), “os primeiros beneficiados foram os alunos do 6° e 7°
ano da Escola Municipal Lidimanha Augusta Maia”. A Secretária de Educação,
Sônia Barcelos, percorreu cada uma das turmas, ressaltando que todos os
esforços foram voltados para que a entrega fosse feita o mais rápido possível.
Política atrasada em todos os sentidos
Segundo o jornalista Paulo Proença, da Rádio
Inconfidência FM, “o nosso maior problema é o machismo”. O machista acha que há coisas só de mulheres
e coisas só de homem. Assim, azul é cor de homem; rosa é de mulher; cuidar da
educação dos filhos é de homem; sair para trabalhar fora é de mulher; e assim
por diante. O machista não percebe que essas separações são criações culturais,
quase sempre patrocinadas pelo próprio homem machista. O machismo mata mulheres
todos os dias no Brasil. A cada 20 minutos, uma mulher é agredida por um
machista, aqui em Brumadinho e no País.
A Secretaria de Educação, que deveria
patrocinar a luta contra o machismo, faz o contrário: patrocina o machismo. Foi
o que fez na distribuição do material escolar. Segundo a aluna P. L. S. F., do
7° ano, a Secretaria de Educação diferenciou “os cadernos de homem e de mulher”.
A Secretaria de Educação, talvez por desconhecimento do mal que o machismo faz,
perdeu a oportunidade de ensinar aos alunos da Rede Municipal que homens e
mulheres são iguais, conforme prevê a Constituição Brasileira.
Mais lamentável é saber que a Secretaria é
comandada por uma mulher. E que a maioria das pessoas que “mandam” na
Secretaria é mulher. Brumadinho seria uma cidade “melhor para todos” se a
Secretaria de Educação colaborasse na luta da sociedade contra o machismo, que
mata milhares de mulheres todos os dias.
Propaganda do prefeito
Já a aluna S. S. Z., também do 7° ano,
declarou para a prefeitura que recebeu “o material do Prefeito Nenen e gostei
muito”, e acrescentou: “Agradeço ao Prefeito...”. A informação foi publicada no
site da Prefeitura (DOM de nº 880, 30/3). Aqui também a Secretaria perde a
oportunidade de ensinar à garotada um pouco de cidadania. É claro que o
dinheiro do material escolar não é do Prefeito e sim dos próprios alunos, já
que eles e suas famílias são os pagadores de impostos que abastecem os cofres
municipais. A tarefa acaba ficando para as professoras que precisam ensinar
essas coisas para os alunos, sob pena de criar mais pessoas que ficam devendo
favores a um administrador que só cumpriu sua obrigação.
Ilegalidade
A fala da aluna S. S. Z. constitui-se,
ainda , em ilegalidade. O art. 39 da C. F. garante ao prefeito o direito de
informar suas ações. Mas proíbe o prefeito de gastar dinheiro público fazendo
propaganda de si próprio. Foi o que aconteceu na matéria publicada no DOM. É
óbvio que a aluna, apenas uma adolescente, não sabe dessa ilegalidade. Mas a
Secretaria de Educação tem a obrigação de saber. Se infringe a Lei, corre e o
risco de ser denunciada e pagar na Justiça pela ilegalidade.
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