Edição 151 –
Junho/2013
Deu na Imprensa
31/07/2013
Promotoria investiga “desproteção” de serra em Brumadinho
Alessandra Mendes – Hoje em Dia
O Jornal Hoje Em Dia,
em sua edição de 31 de julho trouxe uma matéria sobre a questão da Serra da
Moeda. Leia abaixo a matéria assinada pela repórter Alessandra Mendes.
“A estranha coincidência entre um patrocínio generoso para
um festival e a mudança da legislação de um município chamou a atenção do Ministério Público Estadual (MPE). A
promotoria investiga se há relação entre R$ 150 mil doados pela mineradora
Ferrous a um evento em Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, e
a revogação de um decreto para a preservação da Serra da Moeda.
Depois de anunciar, em fevereiro deste ano, a criação do
Monumento Mãe D’Água, a prefeitura voltou atrás e publicou uma retratação em 23
de maio. A decisão foi anunciada um dia depois de a Ferrous garantir o
patrocínio do festival, realizado por uma agência presidida pelo vice-prefeito Breno Carone, à época também
secretário de Turismo, Cultura e Eventos de Brumadinho. O Hoje em Dia
teve acesso ao recibo assinado por Carone.
“Isolados, os dois fatos não pressupõem ilegalidades. Mas é
evidente que a proximidade levanta a estranheza de, em tese, a revogação
atender ao interesse da empresa”, explica o coordenador das promotorias do Meio
Ambiente, Carlos Eduardo Ferreira Pinto.
Representantes da mineradora e da prefeitura serão ouvidos
pelo MPE para esclarecer o fato. Se encontrada alguma irregularidade, o caso
será encaminhado para a promotoria de Defesa do Patrimônio.
A prefeitura garante que apenas apoiou o evento. Em nota,
explicou que, “coincidentemente, o recibo assinado pelo vice-prefeito se deve
ao fato de ele ser também presidente da entidade responsável pelo festival”.
Mais suspeitas
Além da suposta ligação entre as partes, o MPE investiga a
legalidade da revogação do decreto. A prefeitura esclarece que a decisão foi
tomada em função de “inconsistência técnica”, já que o monumento invadia Moeda,
Itabirito e Nova Lima.
“Vamos checar se os argumentos procedem. Agora estamos na
fase de avaliação técnica, e os resultados preliminares apontam que a decisão
implica em uma redução de cerca de 10% da área protegida originalmente”, afirma
o promotor. Dado que desmente a administração municipal, que alega que o novo
decreto resultou no aumento da área de preservação de 180 para 680 hectares.
Mesmo que a decisão do prefeito de Brumadinho tenha amparo
legal, a mudança do tamanho da área protegida não implica no uso do pedaço
excluído para atividades minerárias.
“São coisas completamente distintas. A serra é de extrema
relevância ambiental e qualquer processo para exploração no local teria que ser
muito cauteloso”, diz Ferreira. ‘Até agora, não há pedido para uso da área por
mineradoras ou outras empresas.’”
Veja
o histórico dos Decretos Municipais, segundo a ONG “Abrace a Serra da Moeda”:
Legenda:
Branco: Decreto do ex-Prefeito Neném da Asa (PV) - ago./2012 -
não protegia a nascente Mãe D'água
Verde: Decreto do Prefeito Antônio Brandão (PSDB) - fev./2013 -
protegia a nascente Mãe D'água
Vermelho: Decreto que revogou a proteção da Mãe D'água, publicado após o
vice-prefeito receber a volumosa quantia da empresa Ferrous Resources.
Azul: Bacia de captação da nascente Mãe D'água.
Amarelo: Cava projetada para a mina Serrinha, que a
mineradora Ferrous Resorces pretende operar.
A expansão da
mineração na Serrinha vai comprometer o abastecimento de água da região por
causa do aumento progressivo da cava da mina: a água do lençol freático
que alimentava a nascente passa a escorrer para a cava à medida que a cava vai
sendo aprofundada para níveis abaixo da nascente Essa água é a que será direcionada
para o abastecimento da comunidade. Acontece que ela é muito menos pura que a
água da nascente e com riscos de contaminação.
Com o passar
do tempo, o aprofundamento da cava vai causar o rebaixamento do lençol freático
e a consequência é a nascente secar. Resultado: esgotado o minério, não haverá
mais bombeamento de água nem nascente nem nada. Aí a mineração levanta
acampamento e vai embora. Ficam os impactos.
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