Edição 152 –
Julho/2013
A QUEM INTERESSA
A PPP NA COPASA?
A
direção da Copasa já anunciou que vai adotar parceria público-privada (PPP) em
algumas localidades. O sistema Rio Manso, em Brumadinho, seria o primeiro a
utilizar PPP na ampliação do reservatório e construção de uma pequena central
hidroelétrica (PCH). A empresa ficou de apresentar o projeto aos sindicatos em
agosto, mas até o momento o SINDÁGUA-MG não recebeu nada sobre o assunto e
questiona quais são os interessados nessa modalidade de terceirização.
A
PPP já acarretou inúmeros prejuízos à população em outros Estados e também em
outros países. Num levantamento feito pelo Instituto de Estudos Socioeconômicos
(INESC) a adoção do modelo, sobretudo na experiência internacional, trazem
exemplos de insucessos devido aos seguintes fatores:
. falhas
legais e regulatórias;
. inadequado
processo de seleção das empresas privadas;
. má
avaliação dos custos e investimentos;
. falta de
adequados agentes regulatórios ou de controle das parcerias;
. menosprezo
de possíveis desvantagens e riscos (por exemplo, ambientais e modificações
unilaterais pelo concedente).
Sem
contar que as obras públicas contratadas através de PPP têm o custo elevado, em
média, acima de 40%. A tendência é de aumento das tarifas cobradas dos
usuários. E o Estado ainda pode arcar integralmente com a remuneração da
iniciativa privada que estiver oferecendo o serviço, visto que, vários projetos
são financiados por órgãos públicos, como o BNDES, instituições financeiras
oficiais ou mesmo fundos de desenvolvimento regional. Nesse caso, não seria
melhor que a própria Copasa fizesse o serviço?
Por
ser uma empresa pública, a Copasa deve cumprir sua função social de promover a
qualidade dos serviços prestados à população. A empresa deveria evitar práticas
ineficientes, que oneram os cofres públicos e só beneficiam a iniciativa
privada.
É
preciso ficar atento para que esta não seja mais uma tentativa de transferir o
patrimônio público para as mãos de “parceiros” privados. Evitando que a sigla
PPP não se transforme em o “Povo Pagando o Pato”, que é uma tendência dos
governos neoliberais.
GOLPE CONTRA A
EMPRESA PUBLICA
Para
o SINDÁGUA-MG, a PPP é mais uma modalidade de terceirização, de transferência
de serviços públicos para empresas privadas. Só que pode ser ainda mais nociva,
tendo em vista que cria várias garantias para a iniciativa privada, que
transfere seus riscos para o setor público. Com isso, se alguma coisa der
errado nestas parcerias, será o Estado que assumirá os riscos, quer dizer, o
cidadão é que vai pagar a conta.
O
que se percebe é que tanto a Copasa quanto o Governo de Minas não estão
preocupados com a qualidade dos serviços prestados. Já é recorrente na empresa
o retrabalho nos serviços feitos pelos terceirizados, o que acarreta a
insatisfação dos usuários, custos adicionais e também prejuízos para a imagem
da empresa. Além disso, há um grande descaso com as questões trabalhistas e com
a segurança e saúde no trabalho. Frequentemente, são registrados acidentes com
empregados de terceirizadas da Copasa, inclusive, acidentes graves e fatais,
acarretando a morte de vários trabalhadores nos últimos anos.
Os
dirigentes sindicais lutam por uma política de primarização dos serviços
essenciais e estratégicos da Copasa e já alcançaram algumas vitórias. Em 2006,
o Ministério Público do Trabalho (MPT) determinou que a Copasa cumprisse a
legislação e revisse suas práticas, através do Termo de Ajustamento de Conduta.
No ano passado, a Justiça do Trabalho declarou a empresa culpada, em primeira
instância, pela prática de terceirização ilícita, fixando multa de R$ 1.000,00
por trabalhador terceirizado exercendo atividades-fim da empresa e determinando
a realização de concurso público para suprimento das vagas nessas atividades.
Infelizmente, a direção da empresa insiste em ter a terceirização como um
elemento central das estratégias empresariais.
E
agora ainda vai utilizar parceiras público-privadas para delegar a sua função
de promover a saúde e o bem estar da população mineira para empresas
comprometidas apenas com o lucro.
Como
a Copasa persiste em priorizar as terceirizações, o SINDÁGUA-MG fez uma nova
denúncia ao MPT e mantém atuação na Justiça para evitar a precarização dos
serviços de saneamento em Minas Gerais.
SINDÁGUA-MG
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