Edição 152 –
Julho/2013
Editorial
A quem pertence
nossa cidade?
A quem pertence nossa cidade? Por que uma
casa na Rua Julieta Belmira da Silva está quase caindo? Por que há prédio e
casa no bairro de Lourdes praticamente na rua, depois de invadir os passeios,
quem autorizou isso? Por que temos dezenas de prédios irregulares em diversos
bairros do Município? Por que não podemos asfaltar tudo e cimentar todo o
terreno de nossas casas? Para onde vão as águas que não ficam pelas ruas e
terrenos cimentados? Por que no Lourdes, bairro “chique” da cidade, as casas
estão se amontoando uma em cima das outras? Quem autorizou a criação de mais um
loteamento atrás do Lourdes/Carmo? Por que o esgoto transborda no Centro e
volta para as lojas da Praça da Rodoviária quando o Paraopeba começa a se
encher? Onde está a ponte ligando a Av. do Bananal ao Canto do Rio, passando
pelo “Estacionamento” e aprovada, por lei, desde 2001? Por que as fezes e urina
correm a céu aberto no bairro São Judas Tadeu? Por que não devemos criar
porcos, vacas e cavalos na área urbana da cidade? Por que evitar o tráfego de
caminhões de minério em determinadas vias urbanas?
Essas são algumas das perguntas que podemos
fazer ao pensar no Plano Diretor de Brumadinho, composto por diversas leis
(Código de Obras, Código de Posturas, Lei Ambiental, Lei de Parcelamento do
Solo, Lei de Uso e Ocupação do Solo, Código Sanitário, Lei de Diretrizes para a Estruturação do Espaço Urbano do município de
Brumadinho). Discutido amplamente no Município dos anos de 2001 a 2005,
esse conjunto de leis tem um único objetivo: planejar a cidade
democraticamente. A ideia de quem pensa de forma democrática é que tenhamos um
Município PARA TODOS, e não apenas para os mais “espertos”, ou para grupos
econômicos ou pessoas físicas apenas interessadas em “se dar bem” às custas da
grande maioria das pessoas que, também elas, pagam seus impostos, que também
geram empregos, que também dão sua parcela de colaboração para a “emancipação”
e “crescimento da cidade”.
Tenho ouvido pessoas dizerem que as leis do
Plano Diretor não estão sendo cumpridas porque a Administração anterior
aprovava os projetos. Ou porque não sabiam da existência das leis. Mantendo meu
respeito a essas pessoas, tenho que discordar. Há um princípio jurídico que diz
que “ninguém pode descumprir uma lei alegando não conhecê-la”. Parece-me um
princípio lógico, senão qualquer pessoa poderia sair por aí, matando, roubando,
sonegando impostos, espancando mulheres e crianças para depois alegar que não
sabia que há leis que regulam essas questões.
Recentemente uma pessoa, a quem admiro pela
inteligência e pela cultura que detém, dizia-me que não importa a lei, que nada
pode travar o “progresso”. Ora, então, acabemos com o Estado! Vamos voltar ao
tempo do Velho Oeste, o mundo sem leis, o mundo em que sobrevive o “mais rápido
no gatilho”, o mais esperto, o que tiver “mais bala na agulha”!
O velho discurso da “geração de emprego”,
“progresso”, “desenvolvimento”, e tantas outras palavras que nada ou quase nada
dizem não vai nos levar a nada. Se há leis que precisam ser novamente
discutidas, vamos discuti-las. Mas não vamos fazer como em 2001, 2002, 3, 4 e
5, em que foram distribuídas 10.000 (dez mil) cartilhas de casa em casa da
população; feitas várias reuniões em todos os distritos do Município; realizadas
várias audiências públicas na Câmara; promovido concurso sobre Plano Diretor, e
muita gente se omitiu das discussões para dizer depois que as leis são
“arcaicas” e “imediatistas”. E nem vamos pensar a cidade para alguns: vamos,
democraticamente, conversar – sempre com educação, sem revanchismo, com
serenidade -, dialogar, “quebrar o pau” entre nós para pensar a cidade PARA
TODOS, para o presente e para o futuro, para os comerciantes, para os
trabalhadores, para os deficientes físicos, para as crianças, para as
construtoras, para os homos e os héteros, negros e brancos, campeões da
Libertadores e para os que goleiam de 4 X 1, para a sede e para o interior,
para empreendedores e para consumidores. A cidade pertence a todos. Daí, todos
somos responsáveis por ela, para preservá-la. Ou para detoná-la!
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