Edição 132-Dezembro/2011 - 2ª Edição
Passeata cobra de Prefeito e vereadores
decisão sobre Mãe D’água
Era uma semana
daquelas bem paradas, com as pessoas preparando-se para o Natal. No entanto, no
dia 22 de dezembro, a cidade
presenciou uma passeata protestando contra o Prefeito Nenen da ASA (PV) e os vereadores,
especialmente contra Leônidas Maciel (PMDB) e Zezé do Picolé (PV),
respectivamente Presidente e ex-presidente da Câmara Municipal, que parecem ter
a capacidade de liderar a irritação das
pessoas de Brumadinho.
A
manifestação foi organizada pelo pessoal da ONG abrace a Serra da Moeda e
exigia a votação pelos vereadores do projeto de lei nº 28/2011, que cria o Monumento Natural da Mãe D’água – Serrinha, na Serra da
Moeda. O projeto reivindicado pela população pretende
proteger uma área de aproximadamente 500 hectares na Serra da Moeda (8 km de
Serra, contados da crista da montanha), área onde estão localizadas mais de 100
nascentes de água que contribuem para o abastecimento de Brumadinho e RMBH,
além do exuberante cenário natural e turístico que está ameaçado pela
exploração mineral e imobiliária.
O projeto anterior
fora apresentado pelos vereadores Lilian Paraguai (PT), Marta da Maroto (PSD),
Itamar Franco (PSDB) e Jaime Wilson (PSDB), a partir de iniciativa da primeira.
O projeto fere interesses diretos da mineradora Ferrous que, na prática, fica
impedida de explorar minério no local. Por causa disso, o projeto tornou-se
muito polêmico e a Ferrous recebeu o apoio do Prefeito e vereadores sob o seu
controle.
Depois de muita
discussão entre comunidades, vereadores e, inclusive, o Prefeito Municipal,
ficou acordado com os autores do Projeto e o Movimento Abrace a Serra da Moeda
que seria feito um projeto substitutivo, contemplando as preocupações de ambos
os lados. Apesar do acordo, quando ficou pronto o substitutivo, os vereadores
do prefeito recusaram-se a assiná-lo. Mais do que isso, estão impedindo que o
projeto seja votado.
Promessa descumprida
No dia 15 de dezembro, data
do que seria a última sessão ordinária de 2011, as comunidades compareceram à
Câmara Municipal. O Movimento pleiteava a discussão e votação do projeto.
Segundo a Presidenta da ONG, Beatriz Vignolo Silva, a Bia, e Ana Amélia Lage
Martins, Diretora de Comunicação,
“centenas de pessoas acompanharam a reunião legislativa, representando
mais de 60 mil assinaturas reunidas de defensores da preservação da região, sob
ameaça.” Durante a reunião, os parlamentares não votaram, mas agendaram nova
reunião para dia 19 de dezembro.
Vereadores descumprem
promessa novamente
No dia 19, o
Movimento participou da reunião das Comissões Permanentes da Câmara. Diante de
grande manifestação popular, os vereadores do Prefeito se comprometeram a votar
o projeto naquela mesma data, na reunião do Plenário. “Cerca de 200 pessoas voltaram a lotar a Câmara de
Brumadinho”, informou Bia. No entanto, o povo foi surpreendido por um “pedido
de vistas” de José de Figueiredo Nem Neto, o Zezé do Picolé (ironicamente, do
PV), impedindo que o projeto fosse votado naquele dia. A solicitação foi acatada
por Leônidas Maciel (PMDB) que marcou reunião extraordinária no dia 22 de
dezembro para a votação..
Nova manobra de Zezé do Picolé e Leônidas Maciel
Muito revoltado, o povo saiu da Câmara no dia 19 na
esperança de que o Projeto fosse votado no dia 22. No entanto, no outro dia, ao
finalzinho do expediente, por volta das 17 horas, o Presidente da Câmara,
Leônidas Maciel, acatou um pedido de Zezé do Picolé e cancelou a reunião. Zezé
do Picolé (PV) disse ao Presidente que a reunião das Comissões permanentes do
dia anterior, presidida por Jaime Wilson (vereador mais velho), deveria ser
anulada, alegando que ele, como co-autor do PL 28 não poderia presidi-la. Mas
sabendo que Zezé do Picolé agiu de má-fé, deixando a reunião acontecer para
depois pedir seu cancelamento, Leônidas Maciel (PMDB) cancelou a reunião das
comissões. Mais do que isso: Leônidas Maciel (PMDB), que tinha assegurado ao
Movimento que aconteceria reunião do dia 22, a cancelou, “sem qualquer
justificativa”, garantiram Beatriz Vignolo e Ana Amélia. “De quebra”, Leônidas
Maciel (PMDB) decretou recesso da Câmara Municipal a partir do dia 21,
inclusive.
Revolta Popular
As pessoas que militam no Movimento
Abrace a Serra da Moeda ficaram indignadas com as manobras de Zezé do Picolé
(PV) e Leônidas Maciel (PMDB), aliados de Nenen da ASA (PV). Em protesto a
essas manobras, foi convocada a passeata,
“em defesa do Monumento Natural Mãe D’Água, que aconteceu no dia 22 de
dezembro, à tarde. A passeata reivindicava agendamento
imediato de reunião extraordinária para votação do projeto, “pois esse é um
compromisso assumido publicamente pelo Prefeito de Brumadinho, Avimar Barcelos (Nenem da
Asa – Partido Verde) e TODOS os vereadores o Município”, garantiu o Movimento
em um documento.
A passeata percorreu várias
ruas da cidade, desde a Câmara Municipal, que foi encontrada fechada, até a
Prefeitura. Na sede do Poder Executivo, os manifestantes pediam a presença do
prefeito Nenem da ASA (PV), mas ele não apareceu. “A prefeitura não deu nenhuma
satisfação ao povo”, reclamou Bia.
Vereadores fingem ceder, mas
mantém defesa da Ferrous
Pressionado pela passeata, o
vereador Leônidas Maciel (PMDB) voltou atrás e marcou reunião paro dia 22 de
dezembro. Ao meio dia e meio, plena hora de almoço. Apesar demais essa manobra,
uma dezena de lideranças populares foi à Câmara no dia. A reportagem do de fato
também esteve lá acompanhando os trabalhos das Comissões.
A reunião não avançou nada,
apesar da insistência da presidente da ONG, Bia Vignolo, e da vereadora Lilian
Paraguai (PT). Bia insistia com os vereadores: “Votem o projeto, nem que seja
para votar contra. É isso que o Movimento pede”.
Leônidas fugia da discussão:
“As comissões decidem”, dizia ele, completando: “Ficar chovendo no molhado,
aqui não adianta”, mostrando-se bastante irritado diante dos argumentos de
Beatriz Vignolo. Fernando Japão (PV) era taxativo: “Não vou marcar reunião de
Comissão sem antes ouvir a outra parte”, referindo-se à Ferrous. “Esse ano não
adianta, só em fevereiro”, insistia o vereador verde, diante da Presidenta que
também insistia: “Coloca em votação e votem de acordo com suas convicções”.
Ao final, os vereadores do
prefeito fizeram exatamente como fizeram com a questão do IPTU: ficaram contra,
mas não tiveram coragem de votar em plenário, uns, arranjando desculpas aqui e
ali; outros, escondendo sua posição atrás de um silêncio, no mínimo, suspeito.
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