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quinta-feira, 11 de agosto de 2011


Edição 125-Junho/2011
Editorial
Empresa-fantasma: Até tu, Câmara!

Há quem diga – e não são poucas pessoas – que o atual grupo de vereadores da Câmara Municipal de Brumadinho é o pior que já passou por lá. Alguns fatos corroboram essa tese, como a total subserviência ao prefeito Nenen da ASA (PV). Outro fato foi o lamentável processo do IPTU: todos os vereadores, sem exceção, votaram um aumento absurdo de até 1712% e, quando o povo reagiu e apresentou um projeto de lei popular para reverter a situação, a maioria dos vereadores ficou contra o povo e junto do prefeito. Poderíamos citar ainda a ausência total de fiscalização do Executivo (função constitucional dos vereadores) que faz o que quer sem que os vereadores deem notícia alguma.
Apesar disso, a Comissão Parlamentar de Inquérito instalada na Câmara em fevereiro deste ano fez um bom trabalho. É verdade que a CPI deixou de lado as gravíssimas acusações feitas contra Nenen da ASA (PV) - como produção de carta anônima, uso de caixa 2 na campanha eleitoral e compra de votos. A CPI se ocupou apenas das denúncias contra o ex-presidente Zezé do Picolé, contra a sobrinha do prefeito, Daniele Rose Barcelos; e contra o vereador Fernando Japão (PV).
O resultado apresentado no Relatório Final da CPI é preocupante do ponto de visto ético e moral. Durante dois anos, de acordo com os dados da CPI, esteve à frente do nosso Legislativo um homem que usou nosso dinheiro, o dinheiro do contribuinte, para beneficiar à própria família. E fez isso, nas palavras da CPI, de forma “criminosa”, “ilícita”, “imoral”, “fraudulenta” e com “abuso de poder”.
Saber que uma empresa de autopeças – e de fora da cidade – estava “vencendo” licitação de buffet e saber que a mesma empresa garante que não tinha estrutura alguma para prestar o serviço; saber que uma padaria que “vencia” licitações não sabia responder nem onde eram prestados os serviços; saber que entre as “empresas” convidadas pela Câmara para participar da licitação estava uma empresa-fantasma. E saber de tantas outras ilegalidades que a CPI nos traz, é de se perguntar: que tipo de vereadores nós temos? Que políticos são esses? Será que essas pessoas fazem tudo isso porque acreditam que sairão impunes?
Agora, o Relatório está nas mãos dos vereadores. Eles podem cassar o ex-presidente Zezé do Picolé ou podem tentar protegê-lo, como faz o vereador Adriano Brasil, que era da Mesa Diretora quando Zezé do Picolé comandou o que a CPI chamou “esquema criminoso”. Seja como for, ainda restam o Ministério Público e a Polícia Civil, que vão receber o Relatório. À sociedade cabe vigiar e cobrar. Talvez os acusados acreditem na impunidade. Nós não podemos.

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