Edição 125-Junho/2011
Editorial
Empresa-fantasma: Até
tu, Câmara!
Há
quem diga – e não são poucas pessoas – que o atual grupo de vereadores da
Câmara Municipal de Brumadinho é o pior que já passou por lá. Alguns fatos
corroboram essa tese, como a total subserviência ao prefeito Nenen da ASA (PV).
Outro fato foi o lamentável processo do IPTU: todos os vereadores, sem exceção,
votaram um aumento absurdo de até 1712% e, quando o povo reagiu e apresentou um
projeto de lei popular para reverter a situação, a maioria dos vereadores ficou
contra o povo e junto do prefeito. Poderíamos citar ainda a ausência total de
fiscalização do Executivo (função constitucional dos vereadores) que faz o que
quer sem que os vereadores deem notícia alguma.
Apesar
disso, a Comissão Parlamentar de Inquérito instalada na Câmara em fevereiro
deste ano fez um bom trabalho. É verdade que a CPI deixou de lado as
gravíssimas acusações feitas contra Nenen da ASA (PV) - como produção de carta
anônima, uso de caixa 2 na campanha eleitoral e compra de votos. A CPI se
ocupou apenas das denúncias contra o ex-presidente Zezé do Picolé, contra a
sobrinha do prefeito, Daniele Rose Barcelos; e contra o vereador Fernando Japão
(PV).
O
resultado apresentado no Relatório Final da CPI é preocupante do ponto de visto
ético e moral. Durante dois anos, de acordo com os dados da CPI, esteve à
frente do nosso Legislativo um homem que usou nosso dinheiro, o dinheiro do
contribuinte, para beneficiar à própria família. E fez isso, nas palavras da
CPI, de forma “criminosa”, “ilícita”, “imoral”, “fraudulenta” e com “abuso de
poder”.
Saber
que uma empresa de autopeças – e de fora da cidade – estava “vencendo”
licitação de buffet e saber que a
mesma empresa garante que não tinha estrutura alguma para prestar o serviço;
saber que uma padaria que “vencia” licitações não sabia responder nem onde eram
prestados os serviços; saber que entre as “empresas” convidadas pela Câmara
para participar da licitação estava uma empresa-fantasma. E saber de tantas outras ilegalidades que a CPI nos traz,
é de se perguntar: que tipo de vereadores nós temos? Que políticos são esses?
Será que essas pessoas fazem tudo isso porque acreditam que sairão impunes?
Agora, o Relatório está nas mãos dos vereadores. Eles podem cassar o
ex-presidente Zezé do Picolé ou podem tentar protegê-lo, como faz o vereador
Adriano Brasil, que era da Mesa Diretora quando Zezé do Picolé comandou o que a
CPI chamou “esquema criminoso”. Seja como for, ainda restam o Ministério
Público e a Polícia Civil, que vão receber o Relatório. À sociedade cabe vigiar
e cobrar. Talvez os acusados acreditem na impunidade. Nós não podemos.
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