Edição 126-Julho/2011
Poucas e Boas
“O carinho e o beijo não são proibidos. Contra lei é impedir
um afeto, um abraço”, contou Chicão (personagem da novela global Insensato
Coração). O texto de Gilberto Braga e Ricardo Linhares foi uma excelente
crítica ao posicionamento retrógrado da Globo.
Recentemente, os autores foram obrigados a mudar uma cena
que reunia os personagens Eduardo (Rodrigo Andrade) e Hugo (Marcos Damigo) num
motel. Segundo Patrícia Kogut, colunista do jornal “O Globo”, a direção da
emissora considerou que, embora a sequência não tivesse nada de explícito, o
fato de ser um motel era sugestivo demais.
Que diferença faz o local do encontro? Por que encontros
furtivos entre homens e mulheres podem ser realizados em qualquer ambiente, mas
um romance construído de forma interessante e respeitosa não pode ser mostrado
em um motel, pelo simples fato de envolver dois homens?
A resposta (à posição
retrógrada da Globo) veio por meio de Alexandre Machado e Fernanda Young,
que mostraram insubordinação e provocaram seu empregador com o conhecido humor
debochado da dupla. No episódio de “Macho Man” (exibido no dia 24/6), Nelson
(Jorge Fernando) acaba metido em uma confusão ao tentar comprar um carro de
Rogério (Rodrigo Lopez), que recentemente assumiu sua homossexualidade.
Ao fim de um test-drive recheado de piadas de duplo sentido,
Nelson pede para ver a “chorumela reluzente” do carro. Empolgado, o
acompanhante do cabeleireiro diz algumas bobagens ao pé de seu ouvido.
“O que? Tá doido? Eu, hein? Ficou maluco?”, gritou Nelson.
“Fiquei. Fiquei maluco para dar o meu primeiro beijo gay”, rebateu Rogério.
“Que isso! A sociedade não está preparada! Tira a mão!”, bradou o personagem de
Jorge Fernando.”
Colunista Ale Rocha
– no site Yahoo
Por mais que parte da audiência aceite a moral justiceira de
Norma, suas ações nunca serão justificadas do ponto de vista ético. Léo deve
pagar pelos seus crimes, sem dúvida, mas não a qualquer custo. A enfermeira
utiliza o mesmo expediente do qual foi vítima. Vibrar com seu sucesso é similar
a criticar políticos corruptos, mas ter carteira de estudante falsa. Bradar
contra a impunidade, mas sonegar impostos.
Curioso notar que o site oficial
de “Insensato Coração” trata Léo como “mau-caráter”, mas em nenhum momento
aborda com demérito as ações da enfermeira. Até mesmo a tentativa de homicídio
contra Teodoro é justificada como um ato em que a personagem está fora de si,
desesperada ao ver a possibilidade de naufrágio de seu plano de vingança (...)
Norma não é mocinha, nem vilã. Não transmite valores ou
serve como exemplo moral. Por meio da personagem, Gilberto Braga provoca a
audiência e mostra que a realidade vai além do bem e do mal. Resta ao
telespectador sair da zona de conforto provocada pelo dualismo e, perturbado
pela mudança brutal da enfermeira, se questionar: vale tudo?
Do mesmo Ale Rocha,
no mesmo site
“É de incalculável
gravidade a constatação de que a Administração do Vereador José de Figueiredo
Nem Neto utilizou indevidamente recursos públicos e, além disso, o fez através
de processos licitatórios fraudulentos!”
Relatório Final da
CPI da Câmara Municipal
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