Edição 125-Junho/2011
Opinião
Ditadura das Mineradoras em Brumadinho
- Minas Gerais
Beatriz Vignolo*
Mais de 30 pessoas das comunidades de Brumadinho - Córrego Ferreira, Palhano, Piedade do Paraopeba, Águas Claras,
Retiro do Chalé, Jardins - foram impedidas de entrar na reunião da Ferrous
Resources, realizada dia 08 de junho, quarta feira, no Restaurante Ao Pé da
Serra, que falava sobre os planos de exploração da Serrinha/Serra da Moeda -
com nome alterado pela empresa para Serena.
A Ferrous, que permitiu a participação somente daqueles
que detinham “convite”, pretendia escolher “representantes eleitos pela
comunidade” que seriam responsáveis por fornecer subsídios para caracterização
da região, para fins de licenciamento ambiental - Estudo de Impacto Ambiental.
A empresa, após o evento Abrace a Serra, realizado
no dia 21 de abril, vem realizando diversas reuniões para convidados nas
comunidades de Brumadinho, no claro intuito de manipular dados e ludibriar as comunidades. Várias
pessoas foram impedidas, de entrar nas reuniões. No dia 25 de abril, na sede de
Brumadinho, membros da ONG - Abrace a Serra da Moeda também não conseguiram
participar, pois não tinham “convite”.
Aqueles que participaram das reuniões informaram que a empresa
pretende formar Comitê de Acompanhamento do Estudo de Impacto Ambiental –
Projeto Serena – Brumadinho. Conforme documento distribuído pela Ferrous
ela diz acreditar “que é de forma participativa que se deve decidir o futuro a
ser compartilhado. Assim, a empresa compromete-se com os moradores de
Brumadinho a avaliar, conjuntamente e com transparência, os custos e benefícios
do projeto minerário. Uma das formas de viabilizar essa participação e
construção coletiva será por meio da formação de um Comitê de Acompanhamento do
EIA.”
Foi falado pela empresa que aqueles que não venderem suas
propriedades amigavelmente serão desapropriados pelo Estado a um preço menor
daquele que será oferecido pela empresa em fase de acordo. Conforme informação
da empresa, ela possui "parceria com o Estado". Vale lembrar que na
reunião realizada em Maricota, dia 25 de abril - região vislumbrada para a
usina de beneficiamento e barragem de rejeito (aprox. 1.400 hectares) - a
empresa também ameaçou com desapropriação do Estado.
Entraram aproximadamente quinze pessoas, sendo que
somente cinco tem propriedade no Córrego Ferreira - região que
será diretamente
impactada pela Pilha de Estéril (aprox. 250 hectares). Ficaram de fora idosos,
crianças e moradores, que perderam o sono desde que a empresa anunciou os
planos de exploração. Naturalmente todos ficaram indignados. A empresa
chamou a Polícia Militar, temendo que os ânimos se exaltassem. As comunidades
aproveitaram a presença da PM e registraram o Boletim de Ocorrência. No
Histórico da Ocorrência, que foi registrado por cinco vítimas, moradoras de
Brumadinho, a empresa confirma que a reunião era somente para convidados.
Reflexão:
Para desapropriar as comunidades e instalar a mineração, as terras são
declaradas de utilidade pública e desapropriadas, mas para discutir com elas
sobre o empreendimento o interesse que predomina é o privado. Essa é a
Ferrous Resources do Brasil. A pergunta que fica é: que país é esse?
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