Edição 126-Julho/2011
Renda per capita de Brumadinho
dispara e município passa de 80º para 7º no ranking de MG
Aumento de 85% na década é resultado
da mudança de famílias de BH para a cidade mas o dinheiro continua sendo gasto
na capital
Brumadinho tem a 7ª maior renda per capita de Minas Gerais (média da renda de todos os cidadãos dividida pelo número de habitantes). Há 10 anos atrás, Brumadinho era o 80º município de maior renda per capita dentre os 853 municípios mineiros. Em apenas 10 anos – 2000 a 2010 -, avançou nada menos do que 73 posições. As informações estão em estudo inédito da Fundação João Pinheiro, baseado nos dados do Censo 2010.
Brumadinho – assim
como a vizinha Nova Lima e Lagoa Santa – deu um salto enorme com relação à
renda per capita média das cidades mineiras. Brumadinho apresenta uma das
maiores taxas de crescimento anual entre os 10 primeiros colocados no ranking
mineiro (veja box) que define as maiores rendas per capita. Em 2000, a renda
era de R$ 535,07, pulando para R$ 988,56 (no estado o valor médio é de R$
773,41). Brumadinho apresentou uma taxa de crescimento anual de sua renda per
capita de 6,33%, ou seja, a cada ano, cresceu 6,33%, acumulando, ao final do
décimo ano, um crescimento de 85% em relação ao ano de 2000. O crescimento é
maior do que a taxa de crescimento da capital Belo Horizonte (3,21%) e menor
apenas do que o município cuja renda per capita é a 1ª de MG, Nova Lima, que
apresentou taxa de crescimento anual de 7,66%.
De Belo Horizonte
para Brumadinho
Antes escolhido
apenas para o descanso dos fins de semana, na última década o município de
Brumadinho tornou-se um dos endereços residenciais de quem opta por fugir dos
problemas urbanos da vizinha Belo Horizonte, como violência, poluição, barulho,
trânsito infernal. O “esconderijo” de domingos e feriados transformou-se em
residência fixa. É essa migração residencial de BH para Brumadinho a principal
explicação para o crescimento da renda de nosso município. O fenômeno é
capitaneado principalmente pelo crescimento dos condomínios horizontais de
classe média alta. Em outras palavras, Brumadinho atraiu a classe média alta
para terrenos em meio à natureza, à Mata Atlântica e tranquilidade,
especialmente da região de Casa Branca, Palhano, e deste lado do Município,
mais próximo à região Sul de BH, o que impulsionou o aumento da taxa de
crescimento da renda per capita. A população em si cresceu 28% nesses últimos
10 anos, passando de 26.614 habitantes em 2000 para 34013 em 2010. Ainda assim,
com praticamente o dobro do tamanho de Belo Horizonte (a capital possui 330 km2 e Brumadinho 634)
e apenas 1,4% de sua população (BH possuía 2.375.444 habitantes em 2010),
Brumadinho, com 40% de suas matas preservadas, é um paraíso para os mais
“ricos” da capital.
A
classe média alta veio para Brumadinho, mas continua gastando seu dinheiro em
BH
Muitos veículos
congestionando o Centro da cidade; carros novos e nada populares; boas casas
espalhadas por todos os bairros, especialmente os mais novos; lojas se abrindo
a cada semana. Não há dúvidas de que o dinheiro está “correndo” em Brumadinho.
No entanto, apesar deste fantástico crescimento da renda per capita, nem todo o
dinheiro está ficando aqui em Brumadinho. A maior parte de quase todo o
dinheiro resultado do crescimento da renda (aumento da população vinda de BH)
continua ficando na capital. Essa é a conclusão da Fundação João Pinheiro.
Apesar de Brumadinho e outros municípios terem conseguido atrair a classe média
alta para terrenos em meio à natureza e tranquilidade das cidades da Grande BH,
o que impulsionou o aumento da taxa de crescimento da renda per capita, os
novos moradores ainda fazem suas principais atividades na capital.
Brumadinho, cidade
dormitório
Apesar de atrair
novos moradores com os chamativos do sossego e das belezas naturais, a cidade
ainda não consegue fazer com que eles desfrutem de serviços e outras atividades
rentáveis para o município. “Eles mudaram para lá, mas ainda trabalham e têm a
vida em Belo Horizonte. Continuam depositando o dinheiro na capital”, afirma a
presidente da Fundação João Pinheiro, Marilena Chaves, explicando o conceito de
“cidadão metropolitano”: “São pessoas que dormem em Brumadinho; trabalham na
capital e se divertem (no Jardim Canadá e no Seis Pistas) em Nova Lima”.
Os novos moradores
se aproveitam do conceito “perto-longe”. Localizados à distância suficiente da
poluição, do trânsito e da insegurança onde moravam, eles podem ir todos os
dias à capital resolver questões relacionadas ao trabalho e outros serviços.
Têm o clima mais ameno por não estar rodeada de arranha-céus, com até cinco
graus a menos em relação a certas regiões de BH; mais umidade; presença de
animais silvestres e silêncio.
Em contrapartida,
reclamam da falta de agências bancárias, supermercados, consultórios médicos,
eletricistas, encanadores e uma série de profissionais que facilitam o dia a
dia. Mesmo na área mais central de Brumadinho, a sede, é carente de muitos
serviços. O banco Bradesco, um dos maiores do Brasil, chegou a Brumadinho há
apenas alguns meses atrás; o atendimento às crianças – para uma emergência ou
para acompanhamento – é complicadíssimo, com praticamente um ou dois pediatras
para uma população de mais de 34 mil pessoas; mão-de-obra um pouco mais
especializada também é muito difícil de ser conseguida. O resultado é pouco ou
quase nenhum vínculo com a cidade. Apesar da beleza e da tranquilidade de
nossas estradas do interior do Município para a sede – os principais corredores
já são asfaltados – as opções dos mais diversos serviços são poucas. “As
prefeituras subestimam o fenômeno e perdem a possibilidade de aumentar a
arrecadação, deixando de atrair investimentos e prestadores de serviço e
tornando-se, assim, meras cidades dormitório”, opina a Fundação João Pinheiro.
Assim, à exceção do aumento da arrecadação com IPTU, o resto do dinheiro da
classe média alta continua sendo gasta na capital.
Parte dessas
informações foi publicada na edição de 31/7do EM, em matéria assinada por Pedro
Rocha franco.
Para entender: Renda per capita
“Per capita” é uma
expressão da língua latina que significa “por cabeça”. Para calcular a renda
per capita, os ganhos de todos os moradores de cada residência são somados e,
no final, o valor é dividido pelo número de pessoas. Assim, o crescimento da
renda per capita nas cidades dormitório está diretamente ligado à migração da
mão de obra qualificada. Ou seja, profissionais com altos ganhos contribuem
para o aumento médio do índice. Em contrapartida, o nascimento de crianças, por
exemplo, contribui para o decréscimo do índice, por não tratar-se de faixa
etária economicamente ativa.
Nenhum comentário:
Postar um comentário