Edição 142-Outubro/2012
Editorial
A humildade venceu a prepotência
Muitos fatores
influenciam o resultado de uma eleição. No entanto, em Brumadinho, um fator parece
ter feito a grande diferença: podemos dizer que, aqui, a humildade venceu a
prepotência.
A falta de transparência
do atual governo, negando informações até mesmo para os vereadores, deu, com
certeza, uma boa contribuição à derrota de Nenen da ASA (PV). As denúncias de
uma possível rede de corrupção instalada na cidade e dentro da Prefeitura,
também. No meio político, a questão do IPTU abusivo é apontada como o principal
causa da derrota do prefeito. É bem verdade que o prefeito aumentou o IPTU em
até 2000% e que isso atingiu exatamente aqueles que mais formam opinião na
sociedade, a classe média e os mais abastados. Mas isso também não parece ter sido
a questão principal. Nesta questão, o Movimento que foi organizado na cidade
pela redução do IPTU deu ao prefeito a oportunidade de voltar atrás. Mas o
prefeito, ao invés de se mostrar humilde, reconhecer o erro e voltar atrás
rapidamente, decidiu enfrentar o povo, não aceitou o Projeto de Lei de Iniciativa
Popular e só depois, como numa demonstração de força, ele mesmo diminuiu o IPTU
à metade. A população, no entanto, não perdoou essa arrogância.
O que a população
em sua maioria não admitiu foi a prepotência, a falta de humildade do prefeito
e de sua família. Nunca na história desta cidade se viu, de um lado, tanta arrogância
e, de outro, tanta antipatia da população em relação a essa prepotência. Foi
uma campanha pesadíssima. Como, humildemente, me disse uma apoiadora de Nenen
da ASA: “Perdemos pra nós mesmos!”
As pressões vieram
o tempo todo: proibição às pessoas de colocarem placas do Brandão ao mesmo
tempo em que pressionavam para que colocassem do candidato verde; destruição em
massa das placas do adversário; ameaças de demissão caso servidores não
apoiassem a candidatura; pressão intensa para que os servidores públicos
participassem das atividades de campanha como carreata, caminhadas, inaugurações
etc; dizer para eleitores que não precisavam de seu voto porque já tinham
ganhado as eleições (antes da abertura das urnas); divulgação de “pesquisas”
absurdas, em que o atual prefeito simplesmente massacrava nas urnas seu
oponente. Até mesmo a escolha do candidato a vice, alçado do próprio grupo do
prefeito, morador da mesma área urbana e com características parecidas com as
de Nenen da ASA (dois jovens candidatos, do mesmo partido, do mesmo governo),
como se não fosse preciso ampliar os votos em outros setores senão aqueles os
quais o prefeito já tinha penetração. Perseguições dentro das escolas, da
Secretaria de Obras, nos postos do PSF e Policlínica, e em outros setores da
administração, como as reclamações sobre negativas de fornecimento de alvarás
de funcionamento pelo Setor de Arrecadação. A tentativa de ganhar “na marra” chegou
ao cúmulo de ser dito a servidores públicos que não conversassem “com a turma
do Brandão”, um misto de coronelismo com ditadura militar, aos moldes do AI-5.
Ao final, uma bela
lição para toda a cidade. Se até Jesus Cristo lavou os pés dos apóstolos,
porque não nós? Parafraseando meu amigo Valdir
de Castro, eu diria: humildade e caldo de
galinha não fazem mal a ninguém. Nem aos políticos! Taí o prefeito eleito,
Tunico Brandão, para provar isso.
Reinaldo Fernandes
Editor
Reinaldo Fernandes
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