Edição 142-Outubro/2012
Lições das Eleições
Eleição de Brandão quebra paradigmas e tem
muito a ensinar aos políticos de Brumadinho
A
eleição de Tunico Brandão para a Prefeitura de Brumadinho traz muitos
ingredientes para a reflexão dos políticos do Município. Foi uma eleição que
quebrou pelo menos seis paradigmas. Paradigma significa: uma verdade pronta e
acabada. Algo que não se muda.
A
reeleição
Um
dos paradigmas foi o da reeleição. O discurso do senso comum e dos políticos em
geral dava conta de que candidato à reeleição é imbatível. “É muito difícil
ganhar do Nenen porque ela tem a máquina na mão”, dizia-se aqui e ali.
As
eleições de Brumadinho provaram que o fato de ter a máquina na mão nem sempre
resolve a questão. Com a “máquina” na mão – ou seja, sendo o prefeito no
período anterior e nos três meses que antecedem o pleito - o prefeito Nenen da
ASA encheu a prefeitura de contratados, por cima das leis e de tudo mais; colocou
muito asfalto sobre ruas já calçadas para agradar a eleitores,
independentemente se era bom ou ruim para o Município – nos últimos três meses
asfaltou e iniciou calçamento em todos os lugares em que eleitores reclamaram,
muitas vezes com as máquinas entrando madrugada adentro: COHAB, Progresso II, São Bento II, Brumado,
Canto do Rio, Vargem da Lagoa, São Conrado -; inaugurou de última hora uma UPA
e uma creche; foi acusado durante todo o processo eleitoral de pressionar
servidores municipais para participarem de caminhadas, carreata, outras
atividades, de pressão para votar. No entanto, de nada adiantou ao prefeito ter
“a máquina na mão”. Esse foi, portanto,
um paradigma quebrado: basta ter a máquina na mão para vencer as eleições.
Muito
dinheiro
Outro
paradigma quebrado nas eleições de Brumadinho foi o do dinheiro. No senso
comum, não se vence um candidato com muito dinheiro para gastar na campanha.
Aliás, muitos possíveis candidatos nem se lançam com medo disso. Somados os
recursos do candidato a prefeito e vereadores, Nenen da ASA se propôs a gastar
até 22 milhões. Independentemente desse valor, todos sabiam que o Prefeito
tinha muito para gastar. Mas isso também não foi suficiente.
Compra de votos
Um terceiro
paradigma é o da compra de votos. Acreditava-se que não é possível vencer quem
sai por aí comprando votos. O candidato à reeleição foi acusado durante todo o
processo eleitoral de compra de votos, fosse com dinheiro vivo, ou com
pagamento para plotar carros (que custou uma representação na Justiça
Eleitoral), pagamento para que as pessoas colocassem placas em suas casas ou
com material de construção. É verdade que nada ficou provado. Mas também é
verdade que, se houve tentativa de compra de votos, o eleitor pegou o
dinheiro/bens e não votou. Pelo menos, nem todos votaram. Ou não se conseguiu
comprar a maioria suficiente para vencer as eleições.
Votos
de trabalhadores
Outro
paradigma quebrado foi sobre o voto dos trabalhadores. Como o prefeito “dá”
muitos empregos, seja na Prefeitura ou em suas empresas particulares,
acreditava-se que esses trabalhadores votariam no candidato, o que também não
se configurou.
Pesquisas
podem errar ou serem descaradamente falsas
Outro
paradigma quebrado: pesquisas podem errar ou serem descaradamente falsas. As
pesquisas divulgadas pelo candidato Nenen da ASA davam a ele uma vantagem
estupenda. Na primeira pesquisa apresentada por ele, Brandão teria apenas 20% e
ele, Nenen, 57%, 37% de diferença; na segunda, Nenen disse à população,
entregando um jornal que é pago, gratuitamente,
que tinha 52% contra apenas 24% de Brandão, uma “lavada” de mais de 28%
de diferença. Já às vésperas do pleito, na última semana, Nenen da Asa disse à
população que tinha nada menos do que 62,5% dos votos válidos (74% dos
eleitores) contra apenas 37,5 de Brandão, uma fantástica vantagem de 25%, que
significava mais de 4500 votos à frente de Brandão. Quando as urnas foram
abertas, Brandão obteve 55% dos votos contra 45 de Nenen da ASA (PV). Brandão
obteve 2.211 (dois mil, duzentos e onze) votos a mais do que Nenen da ASA (PV).
De duas, uma: ou o SUPER NOTÍCIA /CP2 errou feio, com mais de 6.700 votos, ou
seja, em mais de 33%; ou a pesquisa era apenas uma armação contra a população
de Brumadinho. Talvez a segunda opção seja mais provável, porque, segundo o
SUPER, a CP2 e Nenen da ASA, que teria pago R$ 7.708.80 pela divulgação da
“Pesquisa”, a margem de erro era de “no máximo 4,0%”. E não de 33%.
Grande quantidade de propaganda não vence
eleições
Um
sexto paradigma quebrado é o da quantidade de propaganda. Não era raro ouvir as
pessoas dizendo que não tinha jeito de ganhar de Nenen da ASA. “Ele tem carro
demais plotado! Tem placa demais! A gente só vê placa do Nenen”, ouvia-se aqui
e ali. E era verdade. A quantidade de materiais de Brandão, especialmente
carros adesivados, era muito menor. E suas placas também à medida que eram
destruídas e as de Nenen ocupavam mais espaço. No entanto, isso também mostrou
não ser suficiente.
São
lições que os políticos brumadinenses devem aprender. Para seu próprio
bem.
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